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Como melhorar nas olimpíadas? I- Sobre Ler e Aprender

, 11 de janeiro de 2022

O Olímpicos esta voltando do sono finalmente! O principal motivo pro silencio repentino do site é que os ADM estavam dormindo geral estava se preocupando com o processo de aplicação para faculdades, mas agora, se deus quiser, a gente volta a ativa.

Nesse post eu queria tratar de um assunto que comecei a discutir bastante quando fui tentar dar algumas dicas sobre se preparar para olimpíadas de física: como eu posso genuinamente estar mais preparado para olimpíadas?

E eu digo de “tratar do assunto” como “dar minha opinião sobre o assunto”: eu realmente não sou um deus da psicologia e da pedagogia que sabe como tornar tudo o mais eficiente possível pra tudo e todos, e nem sou capaz de oferecer a carta perfeita para te tornar no melhor do mundo(afinal, se eu conseguisse fazer isso, eu gostaria muito bem de ser o Top Gold da minha IPhO). Ademais, eu nunca me envolvi a fundo com outros tipos de olimpíadas se não com as de física, então os exemplos que eu fizer e as dicas que eu vou dar serão mais relacionadas com a minha experiencia estudando física, mas eu acho que um pouco do que eu falo aqui tem haver com o estudo pra qualquer coisa em geral, então mesmo que você não seja da física , as vezes ler isso pode te ajudar!

Melhorar em Olimpíadas

Pra entender o que eu quero dizer com efetivamente melhorar, vamos imaginar o caso de um aluno que esta se preparando para a seletiva de física, e que, pra esse objetivo, leu inúmeros livros de física avançada e fez questões e olimpíadas pra caramba, então deveria ter uma base forte. O problema é que eu basicamente descrevi qualquer aluno entre os primeiros 15 colocados na seletiva brasileira de física: todos sabem muitas formulas e já leram muitos livros, mas alguns ainda tem resultados melhores que outros; isso incita que ainda tem algo acima disso, que ir bem numa olimpíada de física é mais do que saber formulas e ter resolvido questões com elas.

Não me entenda mal: pra mim, quanto mais livros e questões você vê, mais capacidade de ir bem numa olimpíada você tem; no entanto, isso é apenas um dos fatores. Em si, ler livros e fazer questões te apresentam como resolver situações especificas como as apresentadas, mas, quando você abre a sua olimpíada, nem sempre a questão será de algo especifico que você já viu de maneira idêntica num livro, mas mesmo assim você precisa achar um jeito de resolver a questão, e o aluno que mais sabe fazer isso é o aluno que pega o melhor resultado na prova (apesar que a sorte também tem seus efeitos).

Isso envolve ter um repertório forte, entender realmente a física do assunto a longo prazo, entender porque as formulas são daquele jeito e quando elas são daquele jeito. Mas também envolve saber aplicar esse repertório na hora da questão, sobre como “saber que a energia do sistema busca se minimizar” te ajuda a resolver essa questão da EuPhO, por exemplo.

Assim, eu descreveria ir bem em qualquer olimpíada uma mistura de “aprender coisas em livros e questões” e “saber usar essas coisas aprendidas numa real olimpíada”. Um é sobre o repertório que você traz quando vai fazer a prova, o outro é sobre o que você faz com esse repertório na hora da prova.

O mais confuso, difícil, e poético, é definitivamente o segundo, mas eu acho que não é dado a atenção necessária ao primeiro, e, nesse post em especifico, eu quero tratar dele: antes de conseguir resolver uma olimpíada, você realmente precisa saber as informações de livros, e você pode ver no guia de estudos sobre ler o Morin, o Blundell, o De Lange, e outros, mas você efetivamente está e estará aprendendo com os livros e as questões que faz?

Imagem ilustrativa de nada útil, mas me disseram que imagens tornam o post mais “vivo”

Ler e aprender

Eu posso dar um exemplo disso falando de algo que aconteceu comigo: quando eu li o modulo 9 do Morin sobre rotações tridimensionais, eu não entendi de verdade nem o que definia uma rotação por si só, muito menos sobre conceitos de Free Symetric Top e Equações de Euler. Pra falar a verdade, eu só realmente entendi bem sobre esses assuntos na 3º que eu li o modulo e só depois de ter tido 5 aulas sobre isso com um professor meu, e isso não tinha haver com a velocidade com o qual eu li as coisas, e sim com o fato que aquele assunto era extremamente complicado.
Se eu nunca parasse pra revisar ou achasse que só porque eu tinha lido o modulo já estava bom, eu obviamente sairia dali com muito menos do que eu efetivamente poderia aprender, mesmo que eu tenha lido aquilo em uma hora ou em 3 dias (então não tem haver só com quanto tempo eu dediquei para ler algo).
Então em si, na primeira vez eu li o livro, não entendi quase nada e, aquilo que eu entendi, eu esquecia em quesitos de semanas. Por isso a pergunta: eu tinha lido o livro, mas estava eu aprendendo algo real com os livros e as questões que fazia?

E isso pode até passar despercebido: eu sinto que era comum eu pensar que, por ter conseguido resolver umas 10 questões do simples do Morin sobre o assunto, eu já sei o suficiente sobre rotações, e então não preciso me preocupar com essas questões mais estranhas- basta pular elas- e eu acho que não é só comigo que isso acontece. É nesse quesito que você precisa pensar se realmente esta aprendendo algo com os livros que esta fazendo, porque as vezes você esta se iludindo com um falso sentimento de domínio: você realmente entende como os conceitos de Mecânica Estatística e distribuição de Stephan-Boltzmann, por exemplo, podem ser usados e quando eles devem ser usados? Ou só lembra do termo de (e^-E/kT) e prefere acreditar que, por isso, já entende o suficiente?

Agora, isso também é um problema fundamental que não tem uma solução perfeita: como eu vou garantir que eu realmente sei tudo de Mecânica Estatística? Em si, eu consigo tirar qualquer informação possível de um assunto na internet, e mesmo que eu ler varias vezes sobre a mesma coisa, tirando dúvidas atras de dúvidas e fazendo questões atras de questões, eu nunca poderei garantir que estarei tirando o máximo daquilo que leio.

No entanto, eu acho que ter consciência desse problema é muuuito útil enquanto você estuda: saber que você poderia estar tirando algo a mais das questões e livros, que você pode tentar pesquisar mais sobre o assunto na internet, pode te ajudar a ficar mais atento, a refletir mais enquanto lê e a ir mais a fundo nos tópicos que vê.

🤔 Rosto Pensativo Emoji
Outra imagem ai sem sentido, mas essa representa o que você poderia fazer depois de ler um livro


E cara, pra mim isso é o coach quântico mais essencial: em si, não tem formula perfeita, tu ainda vai ter que estudar por conta própria, ir atras das suas maneiras de aprender e ler os livros que você precisa. No entanto, a mera atitude de refletir pode ser o que diferencia alguém que leu e realmente tirou algo de útil nos seus estudos para a olimpíada; ajuda muito terminar um livro e pensar, “mas mano, eu lembro real de tudo que eu li aqui? Eu ainda sei provar a formula do modulo 5? Será que eu não preciso rever esse modulo depois?” , porque ai você pode revisar de novo e fixar melhor o tópico na sua mente, e você sai do livro com uma base mais forte sobre como as coisas funcionam, sem falar que você se torna ciente do seu conhecimento e do que ainda te causa confusão( e ter ciência da sua situação é extremamente útil).

Assim, a coisa que eu realmente diria que pode te ajudar a melhorar seu conhecimento em olimpíadas é o simples e básico ato de se questionar: “mas eu entendi mesmo o que li? eu sei resolver qualquer questão desse livro agora e sei explicar como resolve elas?

Agora, isso pode parecer meio decepcionante, porque eu não apresentei nada de magico, não introduzi uma técnica foda pra estudar e melhorar. Mas pra mim, essa é a beleza nas olimpíadas de física: de certo modo, melhorar na sua preparação para olimpíadas tem muito mais haver com como você pensa a medida que estuda do que o que você realmente faz pra estudar. Um poeta até diria que “Não é sobre os livros que você lê, mas sim sobre o que você faz com os livros que lê”; um coach diria que “É tudo sobre o mindset, irmão, e com o meu curso você vai ter a mentalidade de um campeão”.

Um exemplo que eu consigo dar de como isso já me ajudou é sobre questões de “Corda sem massa”.
Na IPhO em 2020, teve uma questão absurdamente difícil que analisava a forma de uma corda sem massa quando uma corrente passava por ela e tinha um campo magnético externo causando uma força nela. Depois de eu falhar miseravelmente em tentar resolve-la e ver a solução, eu pensei “mano, entendi o que tinha que fazer nessa questão. Brabíssimo, agora bora pra próxima questão.”, só que logo depois eu também pensei: “mas mano, eu realmente entendi a física de qualquer questão bizarra de corda sem massa que pode aparecer numa olimpíada? Eu real estou sabendo toda a notação que eu posso usar e quais formulas vão me ajudar a achar o que eu quero numa questão assim? Eu decorei uma solução ou realmente entendi como esse tipo de questão pode ser resolvida?”
Nisso, eu parei por um momento e comecei a olhar na internet sobre diversas questões de cordas sem massa que eu já tinha visto antes, e eu comecei a escrever num documento Word sobre o que todas as questões tinham em comum e que notação eu poderia usar que seria útil pra resolver essas questões, e no fim, a EuPhO de 2021 cobrou uma questão de corda com massa estranhassa, mas que eu tive a capacidade de resolver. Isso porque eu decidi parar em um momento e refletir sobre o quanto eu sabia de um assunto e ir atras de realmente entender o que os livros estavam me passando e sobre que técnica para abordar esses problemas eu poderia usar em questões parecidas. É nesse quesito que eu acredito que trabalhar para ter um bom repertório ajuda muito.

E é isso meu caro consagrado estudante olímpico, levando isso em mente, estudando por amor e vontade, e usando as suas técnicas para revisar, ler e tentar aprender, acho que você consegue ter uma grande capacidade de aumentar o seu repertório para olimpíadas!

Infelizmente, a historia não acaba por ai. Eu acredito que, tendo um repertório forte, você pode ler a solução de quase qualquer questão de qualquer olimpíada de física e pensar: “putz mano, isso faz muito sentido em todos os aspectos, e eu lembro de cada coisa que essa solução menciona de algum livro que eu li ai”. Porém, ai vem o passo mais complicado (e talvez mais belo) de ir de “Entender as soluções” para “Chegar nas soluções você mesmo”, que é ai que entra o tópico de Saber usar essas coisas aprendidas numa real olimpíada. E é sobre isso que eu vou falar no próximo post. Até lá, desejo a você que esta lendo uma boa sorte nos seus estudos!

(Além disso, gostaria de deixar uma mensagem aqui no final: Cara, esse é um assunto que eu acho lindo de se falar, porque, pra mim, tem algo muito conectado entre sua jornada na fisica e sua jornada emocional/como pessoa, e eu queria muito poder passar tudo que rodeia minha mente sobre esse assunto nesse post, mas infelizmente isso não é possível porque se não esse post ficaria muito confuso e incapaz de passar alguma mensagem concreta. Se por algum motivo você quer ter um papo mais amplo sobre isso, sobre o que significa melhorar na física, sobre como conseguir entender as coisas, sobre esse mundo poetico e bizarro, sinta-se livre pra entrar em contato comigo pelo Discord, pq eu to 100% disposto a entrar nesse papo coach e estranho).